Monte Etna

Onde o vinho enfrenta o fogo: Vinhedos renascem às margens do vulcão do Etna

Nas encostas do Monte Etna, produtores resgatam vinhedos ancestrais em solos de lava e criam vinhos únicos que desafiam o tempo

Pequenos produtores resgatam vinhedos históricos no entorno do Monte Etna, combinando tradição milenar e vinhos de alta complexidade
Pequenos produtores resgatam vinhedos históricos no entorno do Monte Etna, combinando tradição milenar e vinhos de alta complexidade

por Redação

Uma das regiões vinícolas mais antigas da Itália vive um renascimento nas encostas do vulcão Etna, no leste da Sicília. Pequenos produtores têm revitalizado vinhedos históricos plantados a até 1.000 metros de altitude, em solos de origem vulcânica, combinando técnicas tradicionais com vinificação moderna.

O retorno dessa prática milenar, esquecida ao longo do século XX, atrai visitantes interessados em experiências enoturísticas autênticas e ligadas ao patrimônio agrícola da região.

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Enquanto o turismo em massa se concentra nas praias e ruínas greco-romanas da Sicília, a produção vinícola no entorno do Etna mantém vínculos com tradições que remontam há mais de mil anos. A particularidade climática da área – marcada por noites frias e solos minerais – prolonga o ciclo de maturação das uvas, gerando vinhos de alta acidez e complexidade mineral.

Vinhas do tipo alberello, algumas com mais de 200 anos e resistentes à filoxera, continuam ativas na produção, evidenciando a continuidade de métodos anteriores à industrialização agrícola.

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No vilarejo de Castiglione di Sicilia, antigos palmenti – lagares escavados diretamente em rochas de lava – revelam práticas pré-industriais de vinificação que sobreviveram até os anos 1960.

Guias locais, como Maria Torrisi, conduzem visitantes por esses sítios arqueológicos ainda presentes em residências centenárias. Em outra localidade, Solicchiata abriga a primeira estação de pesquisa vinícola da Itália, fundada em 1868, hoje em ruínas, mas acessível a visitas esporádicas.

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Além das vinícolas, restaurantes familiares como a Trattoria Nunzio, em Linguaglossa, funcionam como pontos de encontro informal entre enólogos. A carta de vinhos, dividida entre “jovens” e “velhos”, oferece rótulos raros a preços acessíveis, servidos junto a pratos locais como o clássico pasta alla Norma.

A visita é recomendada entre maio e junho, quando as temperaturas são amenas e o fluxo turístico ainda é reduzido. Para melhor mobilidade, o uso de carro é essencial, dado o acesso limitado por transporte público e a dispersão das vinícolas. A região oferece um raro testemunho da persistência agrícola frente às forças da natureza, onde o vulcão continua a ditar os ritmos da produção e da vida local.

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