Frédéric Panaïotis era reconhecido por sua atuação na produção de champanhes de excelência, sendo uma das figuras mais respeitadas do setor vitivinícola
por Redação
Frédéric Panaïotis, responsável pelas criações da histórica Maison Ruinart, morreu de forma súbita aos 61 anos. Ele ocupava o cargo de Cellar Master (chef de cave) da casa de champanhe francesa desde 2007 e era uma das figuras mais respeitadas do setor.
Segundo o jornal local L’Union Ardennais, Panaïotis faleceu no domingo, 15 de junho, em um acidente de mergulho livre na Bélgica. A Maison Ruinart confirmou a informação em comunicado à imprensa francesa, emitido na manhã da segunda-feira seguinte.
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O presidente da maison, Frédéric Dufour, descreveu o enólogo como um homem “extremamente racional e profundamente sensível”. Segundo Dufour, Panaïotis personificava os valores da Ruinart: “Paixão, curiosidade, engajamento e humildade. Sua visão única deixará marca na nossa casa por décadas.”
Uma dessas marcas foi a decisão de adotar a segunda fermentação sob rolha natural nas cuvées Dom Ruinart a partir de 2010 e no Dom Ruinart Rosé desde 2013, em vez do uso de tampas metálicas. Para ele, o uso da rolha favorecia longevidade, riqueza e complexidade nos vinhos de longa guarda. Em entrevista à Wine-Searcher, afirmou que o fechamento com rolha ampliava a dimensão multicamadas de um grande champanhe.
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Além da inovação técnica, Panaïotis impulsionou iniciativas ambientais, como o projeto de vitifloresta em Taissy, iniciado em 2020. Em três anos, a Ruinart plantou mais de 20 mil árvores, arbustos e plantas em um terreno histórico de 40 hectares, criando uma barreira vegetal de 5 quilômetros e áreas de biodiversidade com abrigos para aves, morcegos e insetos. Ele defendia a restauração da diversidade biológica como resposta à crise climática: “Não podemos continuar cultivando uvas como antes.”
Sua contribuição ia além da adega. Era conhecido por organizar degustações técnicas anuais com foco em diferentes regiões, encontros considerados lendários entre profissionais da Champagne. Também integrava o subcomitê de qualidade de uvas e vinhos do Comité Champagne (CIVC).
Natural da região de Champagne, teve seu primeiro contato com a viticultura no vinhedo dos avós, em Villers-Marmery, mas decidiu pela enologia após se encantar com um vinho da Borgonha durante a juventude. Formado em agronomia em Paris e especializado em enologia em Montpellier, iniciou sua carreira nos Estados Unidos, na Califórnia, antes de retornar à França para atuar no CIVC e depois na Veuve Clicquot. Em 2007, assumiu a chefia de cave da Ruinart, onde trabalhou até sua morte.
Mesmo sendo mergulhador experiente e instrutor certificado, o acidente impediu que realizasse o sonho de celebrar os 300 anos da Ruinart em 2029. Deixa sua parceira e um filho.
Segundo Jean-Baptiste Lécaillon, chef de cave da Roederer e amigo há mais de quatro décadas, “Fred deixou a vida fazendo o que amava, mas fará falta a todos nós”.
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